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Favela e 'fora Bolsonaro': as referências de Anitta ao Brasil no Coachella

Anitta foi atração do palco principal do Coachella, festival dos EUA - Reprodução / Instagram @coachella
Anitta foi atração do palco principal do Coachella, festival dos EUA Imagem: Reprodução / Instagram @coachella

Filipe Pavão

De Splash, no Rio

16/04/2022 16h30

Anitta se apresentou no Coachella, principal festival pop dos Estados Unidos, ontem e levou "um gostinho do Rio para o palco" do festival, segundo a imprensa internacional. Natural de Honório Gurgel, na Zona Norte do Rio, a cantora apresentou diversas referências a sua cidade e país natal.

De paredão da Furacão 2000 às fantasias dos bate-bolas. Quais foram as referências ao Brasil mostradas no show de Anitta?

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Logo na abertura, o show trouxe a música "Mas Que Nada", de Jorge Ben Jor, sucesso na voz de Elza Soares, e Anitta vestiu roupa nas cores da bandeira do Brasil. Após o show, ela usou o Twitter para afirmar que as cores azul, verde e amarelo representam o povo brasileiro.

Ela entrou no palco montada na garupa de uma moto, fazendo alusão ao mototáxi, meio de locomoção utilizado em muitas favelas cariocas. O cenário de Anitta, inclusive, remetia às favelas e morros do Rio. Ao cantar "Onda Diferente" com o rapper Snoop Dogg, ainda mostrou um item comum nos bares: a mesa de sinuca.

Depois, Anitta saiu do Rio e desembarcou em Salvador para mostrar o pagodão baiano com "Me Gusta" (música cantada originalmente com Cardi B e Myke Towers). A brasileira chegou a dar uma palhinha na batucada na introdução da música.

Com "Faking Love", que teve a participação da rapper Saweetie no palco, Anitta apresentou o funk melody, um subgênero do freestyle, surgido no início dos anos 1990 com letras românticas e sem apelo sexual. Fez sucesso na cidade do Rio.

Antes de cantar e coreografar "Envolver", música que levou a carioca ao topo do Spotify global, os dançarinos de Anitta fizeram os de capoeira, expressão cultural desenvolvida por descendentes de escravos africanos no Brasil, ao som de trechos das músicas "The Rhythm of the Night", de Corona, e "Magalenha", de Sérgio Mendes. "Combatchy", de Anitta, Lexa, Luísa Sonza e MC Rebecca, também foi adicionada na sequência.

Outro gênero musical lembrado por Anitta foi a bossa nova. Ela cantou parte de "Garota de Ipanema", de Antonio Carlos Jobim, Norman Gimbel e Vinicius De Moraes, que foi usada como sample para "Girl From Rio", faixa do novo CD, "Versions of Me".

Mas as principais referências ficaram para os momentos finais da apresentação. Com a presença de Diplo no palco, Anitta fez um baile funk para ninguém colocar defeito e com direito ao paredão da Furacão 2000, gravadora carioca que produzia coletâneas e shows de funk carioca. Foi o primeiro contrato da artista que se apresentava como MC Anitta em 2010.

A cantora e os dançarinos fizeram diversos inhos do funk, incluindo o quadradinho durante "Movimento da Sanfoninha", quando Anitta balança a bunda no ritmo da canção. "Vai Malandra", "Rave de Favela" e "Bola Rebola" fizeram parte dessa etapa do show.

A apresentação da cantora ainda apresentou inhos que remetem ao Baile Charme, evento realizado debaixo do Viaduto de Madureira, e trouxe dançarinos fantasiados de bate-bola, tradição dos subúrbios cariocas durante o Carnaval.

Política

Além de cenários e letras, a política também foi pauta do show de Anitta.

Para sua apresentação no palco principal de um dos maiores festivais do mundo, a cantora montou um look com top, shorts e bota de couro mesclando as cores verde, amarelo e azul, como protesto contra o uso da bandeira do país para fins políticos.

A bandeira do Brasil e as cores da bandeira do Brasil pertencem aos BRASILEIROS. Representam o BRASIL em GERAL. NINGUÉM pode se apropriar do significado das cores da bandeira do nosso país. Fim!
Anitta

Durante a apresentação do balé da cantora no palco do Coachella, foi possível ouvir pedidos de "Fora, Bolsonaro" dos dançarinos.

Arielle Macedo, bailarina e coreógrafa da cantora, se manifestou debochando que os gritos deram motivação para o show.

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