Nem todo abusador infantil é pedófilo, diz especialista em violência sexual
Falar de abuso sexual infantil é complicado. Ao mesmo tempo que o tema emocionou os brasileiros na novela "O Outro Lado do Paraíso" (Globo), fora das telas, ele invade milhares de lares. Só em 2015 e 2016 foram 37 mil denúncias feitas ao número de proteção à criança e ao adolescente, o Disque 100, e no aplicativo Proteja Brasil. Mas para a psicóloga Rose Miyahara, essa é só a ponta de um iceberg, pois existe uma enorme subnotificação.
"Quando se fala em abuso sexual da criança e do adolescente, mexe-se em muitos tabus: da casa como local seguro, incesto, criança como agente de desejo sexual, homossexualidade", diz ela, listando alguns porquês de se evitar encarar a questão.
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Rose fala com conhecimento de causa: há mais de 30 anos trabalha no atendimento a crianças vítimas de violência e, mais recentemente, também com os adultos que cometeram o abuso, além de coordenar a formação do Centro de Referência a Vítimas de Violência Sexual do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo.
Rose recebeu a reportagem do UOL em seu consultório, na capital paulista, para abordar as questões que cercam seu tema de estudo.
UOL: Quais tabus surgem quando falamos de abuso sexual contra a criança e o adolescente?
Rosemary Miyahara: Muitos. A família como lugar mais protegido para a criança, isso é um tabu. A violência sexual contra o menino, ela é menos denunciada pela própria família, porque tem a perspectiva de que o menino possa ser homossexual. Quantas vezes o constrangimento não era pelo abuso e, sim, porque o menino podia ser gay. O adolescente e a criança como sujeitos de desejo sexual é outro tabu, porque pega nessa questão do incesto.
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